





ELASMOBRÂNQUIOS
Os elasmobrânquios são os tubarões e raias animais de esqueleto cartilaginoso, que possuem 5 a 7 fendas branquiais em cada lado do corpo. O termo é originário do grego Elasmobranchii (elasmo: placa + branch: brânquia). São os vertebrados vivos mais primitivos com vértebras completas e separadas, s, mandíbulas móveis e barbatanas pares. Eles surgiram há mais de 400 milhões de anos. Os hábitos alimentares variam desde os planctófagos, como o tubarão-baleia Rhincodon typus, o maior peixe que temos atualmente com 20 metros de comprimento e a raia Manta birostris, até os grandes predadores carnívoros, como o tubarão-branco Carcharodon carcharias, que pode ultrapassar os sete metros de comprimento.Tubarões e raias apresentam características comuns, mas também apresentam diferenças importantes na identificação destes animais.
Características comuns
Revestimento
O revestimento das raias e dos tubarões, ao contrário do revestimento dos peixes ósseos, não apresenta escamas, mas dentículos dérmicos. Os dentículos são estruturas que lembram pequenos dentes e variam bastante de formato de acordo com a espécie. São os dentículos dérmicos que dão a aspereza característica da pele dos elasmobrânquios.
Espiráculo
Grande parte dos elasmobrânquios possui uma abertura de tamanho variável, geralmente localizada próximo ao olho, conhecida como espiráculo. Em alguns animais essa abertura auxilia na respiração, sendo indispensável para espécies mais sedentárias. Algumas espécies de raia, por exemplo, passam grande parte de suas vidas semi-enterradas na areia e respirando quase que exclusivamente pelo espiráculo.
Cláspers
Os cláspers são projeções de pele localizadas na parte interna das nadadeiras pélvicas dos machos, usadas na cópula. Há uma grande variação de tamanho e formato, de acordo com a espécie. Em alguns casos, o clásper possui um "espinho" que se abre após a penetração, prendendo a fêmea ao macho até o final da fecundação.
Membrana Nictitante
Alguns tubarões, como o tigre e o branco, têm uma membrana na parte inferior do olho, a membrana nictitante. Essa membrana é usada para proteger os olhos, se fechando quando o tubarão ataca a presa, por exemplo.
As raias não possuem membrana nictitante, mas algumas espécies que vivem no fundo têm uma aba de pele que se extende sobre a pupila, que, embora não seja móvel, funciona como uma proteção contra a luz em águas rasas. Além disso, é provável que essa aba sirva também para ocultar as pupilas, já que estas raias obtém alimento se enterrando na areia e deixando apenas os olhos para fora
Sistema respiratório
As brânquias estão presas à parede de 5 a 7 pares de sacos branquiais, cada um com uma abertura individual em forma de fenda, abrindo á frente da barbatana peitoral nos tubarões ou na superfície ventral das raias. Nas quimeras apenas existe uma fenda branquial.
As narinas não comunicam com a cavidade bucal mas com a faringe.
Os sacos branquiais podem contrair-se para expelir a água ou, como acontece na maioria dos tubarões, o animal usa uma espécie de respiração a jacto, nadando ativamente com a boca e as fendas brânquiais abertas, mantendo um fluxo constante de água. Por esse motivo, é frequente os tubarões afogarem-se quando presos em redes de pesca perdidas.
Geralmente existe um par de espiráculos atrás dos olhos, em ligação á faringe, que, nas espécies bentônicas, permitem a entrada de água sem detritos para as brânquias. Não existe bexiga natatória;
Sistema nervoso
Encéfalo distinto e órgãos sensoriais muito desenvolvidos, que lhes permitem localizar presas mesmo quando muito distantes ou enterradas no lodo do fundo. Estes órgãos incluem:
Narinas: localizadas ventralmente na extremidade arredondada da cabeça, capazes de detectar moléculas dissolvidas na água em concentrações mínimas;
Ouvidos: com três canais semicirculares dispostos perpendicularmente uns aos outros (funcionando como um órgão de equilíbrio, portanto, tal como em todos os vertebrados superiores);
Olhos: laterais e sem pálpebras, cuja retina geralmente apenas contém bastonetes (fornecendo uma visão a preto-e-branco mas bem adaptada á baixa luminosidade);
Linha lateral: um fino sulco ao longo dos flancos contendo muitas pequenas aberturas, contém células nervosas sensíveis á pressão (algo como um sentido do tacto á distância);
Ampolas de Lorenzini: localizadas na zona ventral da cabeça, são outros canais sensitivos ligados a pequenas ampolas que contém eletrorreceptores capazes de detectar as correntes elétricas dos músculos de outros organismos.
Estratégias reprodutivas
Podemos encontrar basicamente dois tipos de estratégias reprodutivas, a oviparidade e a viviparidade que, por sua vez, apresenta algumas divisões em função do modo que os nutrientes são fornecidos aos embriões. A oviparidade é o modo caracterizado pela liberação de ovos fertilizados que se desenvolvem externamente, ou seja, fora do corpo da fêmea e sujeito às intempéries. Já na viviparidade a fêmea retém os ovos em desenvolvimento no interior do seu trato reprodutivo e, posteriormente, dá a luz ao fi lhote. Embora grande parte dos vertebrados seja ovípara, a viviparidade entre os Elasmobrânquios é a estratégia reprodutiva dominante. A seguir veremos cada um desses modos reprodutivos:
Oviparidade: é gerado o ovo que se desenvolve fora do corpo materno. Este ovo será liberado e protegido por uma casca bastante resistente, que é secretada pelas glândulas do oviduto. Essa cápsula rígida apresenta fi lamentos que são utilizados para os ovos se fixarem a substratos. Assim como para a maioria dos animais que apresentam desenvolvimento externo, o tempo de incubação depende da temperatura. O interessante nessa estratégia reprodutiva é que ao eclodir do ovo, o filhote é como um adulto em miniatura. Ocorrem em todos Batoidea da família Rajidae, e em alguns tubarões das famílias Heterodontiformes, Orectolobiformes e Carcharhiniformes.
Viviparidade lecitotrófica: neste caso os filhotes ficam no interior do corpo materno durante o seu desenvolvimento e são nutridos exclusivamente através do vitelo presente no saco vitelino. Quando o processo de embriogênese está finalizado, os filhotes são liberados pela fêmea. Esta estratégia pode ser encontrada em Haxanchiformes, Squaliformes, Pristiophoriformes, Sqatiniformes, Rhinobatiformes, Pristiformes, Torpediniformes e algumas espécies das ordens Orectolobiformes e Carcharhiniformes.
Viviparidade matotrófica: este tipo de estratégia reprodutiva tem como principal característica a produção de nutrientes para o embrião pelo trato materno. Neste caso ela ainda pode apresentar algumas subdivisões: viviparidade oofágica, adelfofagia e viviparidade por trofonemas. Na viviparidade oofágica o embrião eclode ainda no útero e alimenta-se de ovócitos que são produzidos continuamente para nutri-lo até completar o seu desenvolvimento. Encontrada em representantes da ordem Lamniformes. No caso da adelfofagia ocorre competição intra-uterina, e o primeiro embrião a eclodir passa a se alimentar dos demais. Por isso esta estratégia reprodutiva, registrada no tubarão mangona Carcharias taurus, é também denominada de canibalismo intra-uterino. Já na viviparidade por trofonemas, a parede uterina apresenta projeções em seu epitélio que secretam uma substância nutritiva (“leite uterino”) que é ingerida ou absorvida pelos embriões. As raias da ordem Myliobatiformes têm seus representantes com este padrão reprodutivo.
Viviparidade placentotrófica: nesta estratégia reprodutiva o vitelo contido no ovo é reduzido. Após ser consumido, o saco vitelino conecta-se à parede uterina formando uma conexão entre o corpo materno e o corpo do embrião, por onde os nutrientes serão transferidos. Essa projeção formada é muito semelhante a um cordão umbilical, visto nos mamíferos. Ocorre em poucas espécies da ordem Carcharhiniformes, como Mustelus canis.
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